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$$$ não brota, filha/o! #criançaeconsumo

Fim de ano. Além da rematrícula na escola, tem a pechincha no material escolar encalhado na livraria/papelaria, Natal, os gastos de início de ano com impostos e… um zilhão de aniversários se aproximando. Entre eles, numa questão de 15 dias mais ou menos, os aniversários dos filhotes, do meu pai e da minha cunhada (fora as tias e amigas)… Assim: quem não é de sagitário, é capricorniano, entendem?

Essa é a primeira vez que decidimos fazer o aniversário da Larissa em buffet. Sempre nos dedicamos com muito carinho e as festas foram legais, mas dessa vez queríamos conversar mais, curtir a festa de um jeito diferente, pois combinamos com a filhota que esse será o último “festão”… – Nossas festas sempre foram animadas, cheias de brincadeiras, mas nunca pomposas.

Em compensação, o aniver do Caio é em janeiro, época difícil de reunir os coleguinhas, e ele está saindo da escolinha, vai acompanhar a mana no colégio no ano que vem e facilitar bastante a nossa vida. Por isso, nessa sexta-feira faremos a festinha dele em aula, como parte do exercício de despedida que estamos fazendo. Mas os gastos, por mais planejados que sejam, acabam pesando mais nessa época do ano.

Crianças motivadas pelas campanhas publicitárias, amigos com presentes “do momento”, Papai Noel em shopping, começam cedo a falar em LISTA de presentes. Não existe mais aquela expectativa da surpresa, do que será que vou ganhar. Dependendo da criança, ela parece exigir determinados presentes.

Esses dias conversávamos sobre finanças e as dificuldades que por vezes enfrentamos, os pais que estão tirando filhos da escola etc. – Lalá, meu radarzinho ambulante, ouviu tudo com atenção. Algum tempo depois, conversávamos sobre a vinda do Papai Noel e como faremos o esquema em família, já que passaremos fora de Porto Alegre. Achei que ela tivesse esquecido.

Ontem, quando estávamos saindo para a escola, a Lalá veio toda serelepe falar de lista cheia de desejos que escreveria para o Bom Velhinho e eu, imediatamente, perguntei o que ela tinha ouvido de nossa conversa sobre dinheiro e ela soube descrever bem o que tinha se passado.

Então aproveitei a deixa: – Filha, quem sabe fazemos um único pedido bem especial pro Papai Noel? Tu vais ganhar vários presentes no aniversário e vais ver se tem ainda alguma coisa que te falte. A própria festa já é um presentão, que querias muito, né?!


Imagem: www.juntospelaalfabetizacao.blogspot.com



Ela concordou de pronto. Fiquei feliz com a reação; embora saiba que ela consegue ir bem longe em seus pensamentos e seja bastante capaz de ser compreensiva, senti um orgulho por ver que foi fácil. Como sempre procurei não fazer rodeios para dizer a verdade, acho que essa é uma boa estratégia.

Com o Caio, faço o mesmo que fazia com ela ainda pequena: – Hoje não dá pra comprar picolé, filho. Mamãe está sem dinheiro. – E ele até pode perguntar umas duas ou três vezes e mantenho a mesma postura. Porque pela insistência, ele poderia tentar me dissuadir.

É preciso, sim, dizer : – Filha/o, dinheiro não brota! Não é erva daninha! E também não dá em árvore!


Imagem: www.revide.com.br


Iniciar a criança num relacionamento saudável com o dinheiro não é apenas dar mesada para comprar lanche na cantina da escola ou deixar que tecle a senha do cartão de débito quando fazemos compras. Vai além. A criança precisa aprender a avaliar se tem necessidade de consumir determinados produtos, se tem utilizado o que já ganhou ou comprou com a mesada, se quer trocar em um brechó ou doar, trocar com amigos por brinquedos em bom estado que os mesmos não estejam utilizando. – E sobre o tema a @samegui falou recentemente também.

Mas o discurso todo não tem força se o que eles mais fazem, que é nos observar, não tiver o exemplo de coerência. Porque frases como “é só ir ao caixa eletrônico” não existem à toa. Elas aprendem que existem moedas (e que nós damos menos valor a elas), cédulas, cheques, cartões e que muito são utilizados.




Imagem: http://investimento-inteligente.blogspot.com





Na escola, a Lalá tem feito exercícios de uso do sistema monetário bem introdutórios, mas que falam de ir à feira comprar determinados vegetais e ter um certo valor para gastar. É um tremendo reforço! – Mas não é exclusivamente sua a responsabilidade da educação financeira. 

Aliás, como professora, acho que a escola pode trabalhar várias questões, como a crítica ao que programas de televisão vendem como modos de enxergar a vida, ou de que forma a propaganda nos persuade, interpretação de materiais midiáticos. Mas que os pais são os responsáveis por dizer que sim ou que não vão dar um celular, uma mochila cara, um tênis de marca famosa, “dando a real” para seus filhos.

Um dos nossos esforços nesse sentido foi mandar fazer a carteira de passagens escolares da Lalá. E passaremos a andar mais de ônibus, sim, pra que ela aprenda sobre economia, ecologia, autonomia, o bairro, a cidade e também responsabilidade. 

Que estratégias vocês usam para lidar com essa questão com seus filhos? Têm dicas?