Vandalismo na arte

Em 26 de julho participei pela primeira vez de um projeto muito bom da Prefeitura de Porto Alegre, o “Viva o Centro a Pé”. Essa iniciativa tem como objetivo a valorização do Centro Histórico de nossa cidade e, nessa ocasião, o tema é o combate ao vandalismo.

A caminhada começou no Centro de Informações Turísticas do Parque Farroupilha, também conhecido como Parque da Redenção. Quem orientou e deu um show de conhecimento foi José Francisco Alves, Professor de Escultura do Atelier Livre da Prefeitura, especialista em Gestão do Patrimônio Culltural e super pós-graduado em História e História e Crítica de Arte pela UFRGS.

Ele nos falava sobre o roubo de máscaras e peças em metal de diversos monumentos para utilização em fundições, pichações em obeliscos e também sobre os chafarizes que o estado do Rio Grande do Sul já teve e os que ainda mantém. Eu adoro essa temática, fiquei babando, claro.

 

obelisco sirio-libanês

Obelisco Sírio-Libanês, localizado no Parque Farroupilha. Imagem: arquivo pessoal.

 

Um grupo considerável de pessoas se inscreveu para participar e reparei que eu era uma das mais jovens. Acho que o frio espantou muita gente, mas o dia estava lindo, seco, o que colaborou para esse evento ser muito especial.

A questão do vandalismo e do roubo de peças que muitas vezes não temos como recuperar ou fazer réplicas (os artistas por vezes já são falecidos e os moldes não se sabe se ainda existem!) é um problema em todo o nosso país, mas parece estar se acentuando desde a década de 1990…

Infelizmente em 24 de agosto me deparei com o depoimento de um querido amigo no facebook em que ele se sentia agredido por ver um de seus trabalhos mais queridos pichados: uma estátua do Renato Russo, que fica na Ilha do Governador. Isso chegou a ser noticiado em jornal, inclusive.

A estátua ainda está lá, mas exibe as marcas do desprezo pelo trabalho de mãos que se dedicaram a homenagear um de nossos grandes músicos. A atitude do artista Ique foi de denunciar em delegacia – nada mais justo.

Fico pensando em todas as atitudes que damos de exemplo e que temos seguidores atentos, que acabam repetindo ou fazendo coisas piores, por se sentirem autorizados a tanto. Nosso discurso pode ser belíssimo, mas quando jogamos lixo no chão, por exemplo, demonstramos que o cuidado com o local onde vivemos não deve ser ocupação nossa.

Assim como quando investimos em ações de valorização de eventos culturais, participamos e apoiamos, estamos dando um recado para nossos filhos de que é importante para toda a comunidade.

Nosso patrimônio cultural não pode se perder em “brincadeiras” tolas nem para ladrões. Precisamos preservar essa riqueza!