Mãe Equilibrada ou Equilibrista?

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Imagem: www.wiebewiebe.de

Há tempos queria falar sobre isso, mas é um assunto batido… Será que falo, será que não falo era o dilema. Só que agora já vivenciei os dois lados da questão e estou tentando tornar possível o equilíbrio.

Antes de ser mãe achava mil coisas sobre o tempo de dedicação, especialmente pensando no quanto os sonhos de muitas mães que conhecia ficaram de lado quando elas se dedicaram integralmente aos filhos. Era fácil pensar “como assim, o pai pode manter a casa, cadê tua realização profissional”?

Por outro lado, quando ouvia de algumas delas que era dureza passar o dia longe dos filhos, chegar em casa, ter outra jornada – do lar – e sobrava menos tempo ainda para aproveitar o convívio com a família, pensava que era exagero, ou que tinha jeito de fazer diferente, o marido era folgado entre outras ideias que só hoje percebo que quem nunca esteve na pele da mãe que trabalha em tempo integral podia ter.

Aí nasceu a Larissa. Tentei equilibrar as jornadas, tendo a facilidade de ter uma ajudante… Bateu uma cuuuuulllpa… Passado algum tempo o desligamento das faculdades deu a oportunidade de viver a maternidade integral.

Durante muito tempo isso me satisfez. Depois comecei a me questionar sobre a utilização do tempo e outras vontades que voltei a ter. E fui experimentando fazer uma disciplina de doutorado (adorei!), ter tempo pra fazer exercícios, pois as crianças foram para escola. – Tudo isso com uma pulginha que a terapia colocou atrás da orelha depois da crise de depressão pós-parto.

Fui me envolvendo em alguns projetos de trabalho que eram espaçados, tive blog, as coisas foram meio que se organizando, mas em 2013 voltei a trabalhar em tempo integral (teoricamente 44h semanais). Saía de casa tendo tomado café sozinha, atravessava a cidade e retornava tão esgotada que dormia no sofá antes de jantar. Tinha de ser acordada pra isso e pra, pelo menos, conseguir desejar bom descanso aos filhos. Comecei a ficar irritada, atrapalhada em questões básicas de trabalho devido ao stress (logicamente fui cobrada por isso!). Por sorte, tive parceria do companheiro, que passou a ficar em casa de manhã com as crianças, levá-las para a escola e buscá-las, colocar em banho, além de ter sua jornada de trabalho para cumprir.  – Talvez alguém diga que é normal, mas garanto que muitos homens não fariam isso.

Quando disse para a chefia que me recusava a ficar até 22h porque estava desde 7h da manhã e tinha vida e família, a reação foi péssima e o resultado foi, dias depois, meu pedido de demissão. Embora fosse grata a tudo o que aprendi na oportunidade que me foi dada e aos amigos que conquistei, não tinha como fazer tudo pela metade ou menos, que era como eu sentia.

No mesmo dia fui chamada para uma entrevista em outro local – uau! – e a jornada continuava de 44h, mas tinha várias vantagens como distância menor, a possibilidade de por vezes levar e sempre buscar as crianças na escola e, então, termos um pouco mais de proximidade, tudo melhorou significativamente.

A jornada integral de trabalho pode ser realizadora para muitas pessoas – e pais estão incluídos nessa! -, mas confesso que sou do tipo que precisa de espaço e tempo pra si. Para tentar ler mais do que uma linha de um livro gostoso, para um chimarrão no final de semana com amigos, ou andar de bicicleta sem achar um fardo – e passar os finais de semana inteiros só diante de seriados é só em alguns dias, pois adoro estar na rua…

Então agora minha percepção é de que poucas pessoas conseguem se manter sãs como mães e pais porque as exigências são diversas e é realmente uma sorte quando encontra-se uma forma de equilibrar todos os pratinhos e ainda sustentar a casa. Sigo buscando.

 

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Imagem: http://flickrhivemind.net/Tags/equilibrist,girl/Interesting

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