Disparando um gatilho educacional

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Imagem: http://www.baysidegroup.com.au/blog/education/australias-teacher-education-programmes-thrust-into-the-limelight/

Meu nome é Ingrid, mãe de duas crianças. Sou professora de biologia, fiz mestrado em educação e me sinto incompleta, além de incompetente para muitas coisas, como educadora.

Digo isso porque me preocupa o despreparo de nossas escolas para tratar a inclusão de alunos PNEs (Portadores de Necessidades Especiais). Vejo que algumas escolas, por força da lei, aceitam a matrícula de alunos com paralisia cerebral, autismo, dislexia, TDAH, bipolares ainda sem diagnóstico fechado, mas não necessariamente incluem os alunos.

Nossa formação para sermos habilitados professores não é voltada para trabalharmos com seres humanos, na maioria dos cursos de licenciatura; somos técnicos, cheios de conhecimentos sobre a área de formação, com algumas disciplinas de psicologia, metodologia de ensino e sentimos que somos lançados “de repente” em estágios ao final do curso, sempre tendo até então abordado alunos ideais. Esses alunos não são carentes de afeto, nem de alimentos, ou de uma atenção diferenciada. E cada aluno tem sua peculiaridade, sua história, potencialidades e dificuldades também.

Assim, erramos constantemente, tentando acertar. Porém, as famílias confiam nas escolas e em nossa formação para formarmos uma parceria… Imaginem qual a decepção de um casal que recebe o bilhete na agenda dizendo que seu filho perturba os demais (porque o aluno autista, down ou hiperativo se entedia facilmente ou tem gatilhos que provocam ansiedade), sem qualquer sugestão do que fazer? Sem uma mão estendida, sem ao menos um “vamos pensar juntos”?

Da mesma forma como não terceirizo a educação dos meus filhos e não acredito que o colégio que frequentam deva sozinho tomar conta de casos de indisciplina ou qualquer outro “desequilíbrio” na homeostase (uma dita harmonia que não sei de onde tiraram que existe) da sala de aula, discordo veementemente de deixar os pais de crianças especiais como os únicos responsáveis pelas transformações que nossa sociedade deve sofrer para acolher a diversidade.

Também tive oportunidade de conhecer de perto o trabalho de escolas que foram corajosas ao amparar e tentar se adaptar, com dificuldade, é verdade, à realidade de alunos que ao longo dos anos desenvolveram doenças raras ou sofreram acidentes. Dá pena de todos, pois percebemos que nossa sociedade engatinha em termos de conhecimento, mas falta ainda mais reflexão e sensibilidade para lidarmos com nossas limitações. Porque quem vive o dia a dia de superar seus limites precisa que nos esforcemos mais, pelo bem de todos nós.